Eu sempre desconfiei de gente feliz demais, sabe. Daquelas que tão sempre, mas sempre MESMO sorrindo e em um estado de euforia constante. Me irritava muito, eu não conseguia entender como é que elas conseguiam ser assim. Eu não consegui ler Pollyana quando tinha 13 anos até o final porque O Jogo do Contente me irritava. Não lembro direito qual era a situação, mas tinha algo a ver com muletas e paralisia e ter pernas ou não. E bonecas e presentes. Sei lá, faz tempo.
Lembro que preferi trocar esse livro por um outro que era em formato de bate-papo de internet e que no final eles descobriam que havia um alienígina no grupo. Tipo, OOOOOOI?
Acho que me lembrei disso tudo por causa de um episódio de Grey's Anatomy que uma mulher tem um tumor não sei onde e que faz com que a produção de serotonina dela seja alterada e ela fique o tempo todo "nas nuvens". O marido dela já estava irritado e queria que aquilo passasse. Quando descobrem o tumor, ele diz "So, she's not that happy? Is she going to be normal, then?" .
Daí me deu uma coisa: é triste pensar que todas as nossas reações, nossas alegrias e frustrações, nossas depressões, enfim, todas essas sensações podem ser resumidas a uma ou outra substância ou neurotransmissor, ao excesso ou a falta de algum desses.
Maldita ciência desmistificadora.