10 de abril de 2007

No começo do ano, quando fui pra pousada com os amigos, numa das noites a gente ficou tomando vinho e conversando sobre o passado. Sempre que me encontro com esses amigos isso acontece, porque nos conhecemos há mais de 10 anos.
Eis que começamos a nos lembrar do tempo de colégio e percebemos como a gente esquece as coisas mais desagradáveis, as pessoas que nos incomodavam. Aquele menino que tirava sarro do seu óculos, ou o fato de nunca ser o primeiro escolhido pro time de futebol na Educação Física. E, pelo que eu entendi, isso tem nome: recalque.

Lembrei disso porque ontem durante uma conversa daquelas que só seriam possíveis de acontecer quando há bastante espaçamento de tempo, entre os fatos, e espaço, entre as pessoas. E percebi como eu racalquei tanta coisa que eu fiz quando não havia tal separação. Como eu simplesmente apaguei da minha memória todas as filhadaputagens e como eu era sádica e terrível com a pessoa. Como eu adorava vê-la sofrendo por mim e a torturava com umas coisas estupidamente infantis. Tudo bem, eu tinha 14 anos. Mas não explica, sabe?
E daí eu me vi na posição de babaca da história. E eu tinha esqueci que algum dia já estive nela e não só na de quem é passado pra trás.

Foi um baque bem grande. E foi ruim.