3 de setembro de 2006

Da última vez que minha família veio passar uns dias aqui em Curitiba, minha irmã caçula, estudante de Educação Física, me ensinou umas coisinhas bem legais que ela aprendeu nas aulas.
A que eu mais gostei era assim:
Você pega uma bolinha de tênis e pisa em cima dela, joga todo o seu peso. Aí vai massageando todo o pé assim. Faz isso nos dois.
Uma dor quase que insuportável vai subir por todo seu corpo. E a dor vai ser maior quando você fizer num pé do que no outro.
A explicação pra essa diferença era mais legal: se doesse mais o esquerdo, problemas de natureza sentimental. Direito, profissional.
O da minha mãe doeu o direito. O meu eu preciso dizer qual foi?
Esquerdo, claro.
Então mamãe, como boa psicóloga que é, já quis conversar comigo. Eu não quis, tentei mudar de assunto, mas não deu certo, ela sabe ser muito persuasiva.
Acabei dizendo que as coisas não andavam muito bem, mesmo. Que eu tinha me envolvido numa fria e não conseguia ver uma saída pra isso mais. Ela me fez perguntas, quando, como, onde, quem, por quê.
E isso eu não sabia dizer. Perguntou também se eu já tinha falado sobre isso com a pessoa e eu disse que não e nem pretendia fazê-lo. Sabe, eu sou cagona.

A preocupação da minha mãe é muito simples. Na minha família existe um histórico bastante forte de depressão e sim, ela me explicou que isso pode ser hereditário. Não é que eu vá cortar os meus pulsos, credo, longe de mim. Mas é aquela melancolia, aquela vontade de não fazer nada, de só dormir. É a intensidade como sentimos as coisas, o jeito como lidamos com alguns problemas (ou o não saber lidar), a tristeza que vem do nada e sem grandes motivos aparentes.
Eu nunca gostei de gente depressiva. Sempre achei um porre isso tudo. Minha vó me irrita pra caralho porque sempre que eu ligo pra ela tem alguma coisa na voz que me assusta, toda uma carga emocional que vem junto e que me dá vontade de chorar, dar um chacoalhão na velha e falar "sai dessa, caralho".
Também nunca gostei de gente que se entitula depressiva.
Mas, às vezes, juro que me dá um frio na barriga de pensar que algum dia eu possa precisar de boletas para sair de situações como essa. Não quero isso pra mim.

Agora, sabe. Tudo isso aconteceu há uns 3 meses. Naquele mesmo dia eu toquei o foda-se e falei o que tava na minha cabeça. Foi bom, se foi.
Mas agora já aprendi a conviver com o fim da euforia toda. Cansei também de pensar nisso, de falar disso, de sentir tudo isso. Cansei, já era. Fim de papo.

Hoje acordei 10 da manhã e o dia tava tão lindo. Deu vontade de pegar o carro e ir na Feirinha do Largo comer pastel, comprar bugigangas e sentar na graminha tomando um café com meus amigos. Mas bem, quem é que acorda a uma hora dessas num domingo depois de um belo porre de cerveja?
Desisti. Comi Mc Donalds, dei uma geral na casa, arrumei meu quarto e até estendi o edredon na cama. Fiz um chá mate quentinho e pronto, já são quase oito da noite, hora do fantástico, programa essencial para você, aluno da querida professora Rosa.