31 de maio de 2006

Sabe, eu bebo pra afogar minhas mágoas, mas as danadas estão aprendendo a nadar. E olha, como a vida é uma montanha, um dia você está lá no alto, com teus amigos, com um namorado bacana, com a família. Aí tudo está ótimo, maravilha, jóia. Mas lá no alto o ar é mais rarefeito e a temperatura é mais baixa, dá aquele friozinho às vezes.
Aí você resolve descer, por conta própria, só você, mais ninguém! Aí vai descendo e começa a se arrepender. Lá do alto você via tudo bem mais claro e límpido, tinha uma visão panorâmica que era uma beleza. Durante a descida as coisas se tornam mais sombrias e fica meio impossível você enxergar onde tá pisando e passa a correr o grande risco de tropeçar (isso se não tiver uma daquelas armadilhas que envolvem buracos e redes cobertas por folhas).
Mas você continua descendo. Vai, vai, vai. Aí chega na base, no fim, lá embaixo. Nem pensa em olhar pra trás pra ver a longa caminhada. Tá mais é preocupada em pensar que agora tudo estar mais confortável e mais, ahn, quentinho.
Passa a respirar melhor, também. Você fica uns meses lá, começa a achar que realmente fez a escolha certa. Mas aí...chega uma frente fria. E você ouve dizer que lá no topo tão rolando umas festas DA-HORA. E você está lá, passando frio, sozinha, sem ter com quem conversar, seus cigarros acabaram e nem um litro de Jamel tem.
No teu discman (NEM IPOD VOCÊ TEM, PORRA?!) só toca, putz, Coldplay.

Você pensa em subir de volta. Mas, meu filho, a subida exige muito mais. Estes anos fumando darão as caras agora. Ó, céus, é o fim!


(Texto inspirado na possível criação da "Sociedade dos poetas medíocres". Faço aqui uma adição: tô mais pra filósofa. FALAÍ.)