7 de fevereiro de 2007

Pra me sentir um pouco menos ociosa, peguei mais um livro pra ler essa semana, já que o último eu terminei quando ainda estava na praia.
O escolhido foi A Insustentável leveza do ser, de Milan Kundera. Já tinham me falado bastante sobre, sabia que em algum lugar daqui de casa o tal livro estava escondido e quando encontrei, não pensei duas vezes.

Pois é. Hoje, acordei 9 da manhã e fui pro salão fazer escova francesa(!), daí pra me sentir um pouco menos fútil por passar 6 horas sentada lendo Caras (e quem lê Caras não vê coração), levei meu livrinho querido debaixo do braço. Consegui dar uma boa adiantada e entre as aplicações de produtos fedidos e pranchadas e puxa aqui-estica ali, eu dava uma suspirada com as coisas bonitas que lia.

Aiai..

"Seu primeiro pensamento foi: ele voltara por sua causa. Por sua causa havia mudado de destino. Agora, não seria mais ele o responsável por ela; de agora em diante seria ela a responsável por ele.
Essa responsabilidade parecia-lhe acima de suas forças.
Depois lembrou-se: ontem ele aparecera na porta do apartamento e alguns momentos depois, de uma igreja de Praga, soaram as seis horas. AS primeira vez que se encontraram, ela terminara o serviço às seis horas. Ela o via diante de si, sentado num banco amarelo, e escutava o badalar dos sinos.
Não, não era superstição, era o sentido da beleza que, de repente, a libertava da angústia e a invadia com um desejo renovado de viver. Mais uma vez, os pássaros do acaso haviam pousado sobre seus ombros. Tinha lágrimas nos olhos e estava infinitamente feliz por ouvi-lo respirar a seu lado."


"Então por que repetia consigo mesmo a cada dia que sua amiga ia deixá-lo? Não encontro outra explicação senão a de que o amor não era para ele o prolongamento, mas sim a antítese de sua vida pública. O amor era para ele o desejo de se entregar às vontades e caprichos do outro. Aquele que se entrega ao outro como um prisioneiro de guerra deve antes entregar todas as armas. Vendo-se sem defesa, não pode deixar de se indagar quando virá o golpe. Posso, portanto, dizer que o amor era para Franz a espera contínua do golpe que iria atingi-lo."